Tudo que realmente interessa a pessoas bem informadas como você.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

TRIBUTO A ANDRELINO MEDEIROS DO NASCIMENTO (Deco)


Estava no meu ambiente de trabalho, ontem, dia 26 de outubro quando recebi uma ligação do meu amigo Vereador Demico, lamentando o ocorrido com nosso amigo Deco.

Fiquei com aquela sensação de acreditar ou não acreditar no que tinha ouvido. Depois de algumas horas tive a confirmação. Deco havia sido assassinado de maneira covarde e brutal.

Lembrei de tantas ocasiões em que pude conversar com o Deco.

Ao sair de meu trabalho, fui com minha esposa até o Hospital Municipal e fiquei do lado de fora conversando com algumas pessoas sobre o fato, enquanto que lá dentro algumas pessoas preparavam o corpo para o velório, entre eles seu irmão Leo Medeiros e o prefeito Penta.

Ví quando a ambulância saiu levando a urna com o corpo do meu amigo. Puder ver também a tristeza do Penta, pois nunca escondeu sua amizade pelo saudoso amigo.

Não tive coragem de ir no velório nem de ver seu corpo pela última vez. Não fui no sepultamento também, pois a imagem que eu queria ter do Deco era aquela imagem da alegria, todas as vezes que nos encontrávamos, afinal o meu amigo passou a morar distante da cidade e raramente nos víamos, mas quando acontecia, era sempre um aperto de mão e um sorriso de contentamento em reencontrar um velho amigo.

Acompanhei alguns momentos da vida do deco e sei perfeitamente que em determinados momentos de sua vida, houve uma falha. Houve um enveredar por caminhos não muito corretos, mas o importante é a volta que ele havia dado por cima e constituído nova família. Vivendo. Vivendo.

Ontem, ao chegar em minha casa, fiquei por vários minutos sentado numa cadeira, pensando na imagem que eu tinha do Deco. Veio aquela dorzinha de tristeza e eu fui me sentar em frente a minha casa, sozinho, pensando e só acordei quando minhas filhas começaram a correr ao meu redor, me tirando um pouco os pensamentos tristes. Num salto, peguei meu celular e liguei para minha amiga e comadre Conselheira Lourdes Lima e por muitos minutos conversamos e desabafamos nossas tristezas pelo acontecido.

Comentei com Lourdes que a imagem que eu nunca esqueci do Deco era a do primeiro Festival da Cultura Irituiense, quando fomos à Fazenda Jonasa pedir madeira para a construção do palco e nós dois arrecadando roupas e calçados usados para serem vendidos na Feira da Pechincha aos mais pobres que nós. Lembrei do canto do Mercado Velho, nós dois com um monte de peças no chão e o Deco batendo palmas para que a gente conseguisse vender tudo aquilo. Nunca esqueci esse episódio em minha vida.

Lembrei também que todas às vezes que nos encontrávamos nossa conversa era sobre poesias, contos, crônicas e relatos sobre literatura. Sempre admirei a inteligência de meu amigo. Não era à toa que em quase todos os Festivais, as poesias vencedoras eram de sua autoria, mesmo ele usando pseudônimos. Só eu, muitas vezes sabia quem era o autor das belíssimas obras que sempre retratavam nossa querida Irituia.

Hoje pela manhã, minha indignação e tristeza foi maior quando minha colega de trabalho Joice me mostrou as fotos do corpo do meu amigo Deco. Lamentei, me entristeci muito em ver o que restou do meu amigo.

Porque fizeram isso?

Era um humano como eu e como os assassinos.

Ninguém, ninguém tem o direito de tirar a vida de alguém da maneira covarde e cruel como foi tirada a do meu amigo.

Fiquei estático em ver aquelas fotos.

Meu Deus!

Escrevendo essas linhas, estou desabafando uma tristeza que está dentro de mim e perguntando: Porque toda essa crueldade?

A vida vai continuar, mesmo sem meu amigo que se foi.

Vou sempre lembrar aqueles momentos bons. Aquelas oportunidades em que estivemos a conversar sobre nossa Irituia velha de guerra.

Vou sempre guardar com carinho sua imagem de um grande homem inteligente, mesmo que muitos lhe apedrejassem sem ter o direito de jogar pedras.

Valeu amigo!

Você me ensinou alguma coisa com suas belíssimas obras literárias. Com sua alegria. Com suas piadas. Com seus “causos”.

Descansa em paz.

Com eternas saudades do amigo “Rolo”. Era assim que você me chamava.

Descansa em paz Andrelino Medeiros do Nascimento.