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quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Produtores de alface abusam dos agrotóxicos

NO PARÁ

Encontro debate os riscos para a saúde da má utilização do produto químico

As discussões como aplicação correta de produtos agrotóxicos, fiscalização do comércio e riscos de contaminação por meio da utilização destes insumos, fazem parte dos debates do I Encontro sobre Agrotóxicos no Estado do Pará, que acontece até hoje, no auditório do Ministério Público Estadual (MPE). Pesquisa realizada no Estado identificou que a alface é a hortaliça com a maior concentração do produto químico, ao lado do pimentão e do morango, no resto do País.

Os agrotóxicos são produtos largamente utilizados na agricultura e na pecuária, para o combate de pragas e doenças que tacam as plantações. No entanto, o uso indevido destes insumos geram a contaminação de hortifrutigranjeiros, do solo e riscos à saúde da população.

A agrônoma e coordenadora de educação sanitária da Agência de Defesa Agropecuária do Pará (Adepará), Heloísa Figueiredo, explicou que a realização do evento foi motivada pelo grau elevado de agrotóxicos encontrados em frutas, verduras e folhosas produzidas no Estado. "O encontro veio no sentido de chamar a atenção e debater a necessidade do produtor utilizar a dosagem correta de agrotóxicos, de equipamentos de proteção e de respeitar o período de carência, entre a utilização do produto e a colheita".

A comercialização dos defensivos agrícolas só pode ser feita mediante um receituário agronômico, expedido por um engenheiro agrônomo ou florestal, o que em muitas situações não acontece. "Todas as casas agrícolas que comercializam agrotóxicos são obrigadas a serem registradas e o papel da Adepará é de realizar o acompanhamento do que é comercializado, inclusive, realizando fiscalizações nas barreiras interestaduais, para coibir a revenda de agrotóxicos falsificados, que não têm garantias e nem dosagem correta para utilização", garantiu a coordenadora.

Heloisa destacou ainda, a importância da devolução adequada das embalagens de agrotóxicos, já que grande quantidade do material se encontra dispersa na natureza, por falta de conscientização dos produtores. "É importantíssimo que o produtor respeite a questão de devolução das embalagens em um período de um ano, a partir da compra do produto, e as recomendações como a lavagem tríplice". Depois da utilização e lavagem das embalagens elas devem ser entregues em polos específicos de recebimento. No Estado, eles estão localizados nos municípios de Marabá e Paragominas, e estão sendo construídos outros dois em Castanhal e Parauapebas. "Porém, toda casa comercial de agrotóxicos precisa ter um espaço específico para receber estas embalagens, caso o posto de devolução esteja distante do produtor", ressaltou a coordenadora.

PESQUISA

De acordo com os dados do programa federal de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos, o pimentão e o morango são, dentre os hortifrutis mais consumidos, os que detém maior quantidade de defensivos agrícolas. Entre os produzidos no Pará, o destaque fica para a alface, com presença considerável de agrotóxico. "A nossa maior preocupação são com os alimentos que são consumidos crus, pois o consumo a logo prazo causa a intoxicação crônica e outras complicações à saúde do consumidor", disse médica veterinária da Secretaria de Saúde do Estado, Rita Carvalho, responsável pela pesquisa.

O programa desenvolve trabalhos educativos de conscientização junto aos produtores rurais e atua, visitando aproximadamente 15 propriedades agrícolas no Estado. "Os produtores negligenciam, muitas vezes, o uso dos equipamentos de proteção, que tem calças e blusas de manga comprida, não respeitam o período de carência e acabam causando problemas para a própria saúde, para o meio ambiente e para o próprio consumidor", ressaltou a veterinária.

A má utilização dos defensivos pode causar alterações dermatológicas e no aparelho digestivo, com sintomas como náuse vômito e até dificuldade locomotora. "Para as pessoas que fazem a aplicação do produto sem o equipamento de proteção e o produto acaba escorrendo e entranto em contato com pele e áreas sensíveis do corpo, pode acontecer a infertilidade, má formação congênita, cegueira ou câncer de pele", alertou Rita.

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